segunda-feira, 30 de julho de 2007

SeMeLhAnÇaS entre 2 e 80

Uma nova semana começa...
Após ter findado uma semana de férias... férias? Eu disse férias? Não, não façam caso... isto é do cansaço! O que eu tive foi uma semana sem pôr os pés em Lisboa, no escritório. O trabalho, esse persegue-me por onde quer que eu ande. Contudo, tive uma semana duplamente abençoada: a alegria de ter a minha mãezinha e o meu afilhadinho (também sobrinho, para que o meu marido não fique chateado, pois considera a tia mais importante do que a madrinha) comigo.
Que bom!!! Um bebé com dois anos e meio, meigo, doce... ahhh, ainda o estou a ouvir "tia, que tás tu a fazer? Quero ver a papa", quando eu cozinhava, "tia, que tás tu a fazer? O Vasco quer ver a água", quando eu lavava a louça. Sempre com aquela voz tão meiguinha!... E quando eu consegui convencer a sua mãe a deixá-lo uma noite comigo? Afinal sou madrinha, não é? Acordou de manhã e, com a sua mãozinha pequenina, fez-me uma festinha e disse "olá tia!" Um carinho que ficará marcado para toda a vida!!! Obrigada Cristina por partilhares os presentes que Deus te deu comigo!
Depois, havia a "vóvó Mila", a minha querida mãe, com oitenta anos, sempre com as suas preocupações "só te vim dar trabalho, filha" ou " se tiveres alguma aflição, o pouco que eu tiver há-de ajudar, por isso diz-me, tá bem?". Quando foi para casa, em Gaia, já me queria levar o afilhado e o cão (o Xerife), outra preocupação dela "oh Pedro, dê água fresquinha ao cãozinho, tá bem? Aquela já está quente do sol. Coitadinho, ele não gosta de ração, dê-lhe estes bocadinhos de carne que sobrou", até deixava comida no prato, propositadamente, para poder dar ao cão.
Pude aperceber-me mais das semelhanças entre as crianças e os idosos, ambos costumam ser criticados por coisas que estão fora do seu controle - eles merecem a nossa compreensão.
Não podemos culpar os idosos pela sua fragilidade e pela perda da juventude, nem as crianças pelas coisas que ainda não aprenderam a fazer.
A paridade no modo como tratamos estes dois grupos vai ainda mais longe. Eles sentem que as suas necessidades são desprezadas quando interferem com as necessidades dos outros. Quando expressam as suas opiniões, geralmente têm dificuldade em ser ouvidos. Espera-se que as crianças "fiquem no seu lugar", quietinhos, caladinhos, sem perturbarem e que os idosos "desapareçam aos poucos" e, graciosamente, do resto da sociedade. Isto é algo muito estranho, afinal, todos já fomos crianças e, se Deus permitir, também seremos idosos.
Um bebé que chora quando quer colo é uma autoridade na importância fundamental do vínculo criado pela proximidade física.
Há necessidade de nos libertarmos dos estereótipos de idade, para apreciar e respeitar pessoas de todas as faixas etárias.
Como o Dr. Seuss disse "Uma pessoa é uma pessoa, por menor que ela seja", ou por mais frágil. Todos devem ser tratados com amor e respeito, as crianças e os idosos valorizados pelo seu espírito eterno.
Cansada... mas muito feliz!!!

Tenham uma boa semana,

Lisá

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!
Para mim - obviamente - este post tem um saborzinho especial, não fosse esse menino de quem falas um dos meus tesouros preciosos.
Emocionei-me ao lê-lo, porque quando o deixo contigo sei que não o deixo com 'a tia' ou 'a madrinha'.
Vejo-te e constato em ti um coração de Mãe: carinhoso, cuidadoso, disciplinador, amoroso...
É uma honra ter-te perto.
E quando palavras não chegam, espero que vejas em mim (nós) um coração agradecido por tudo o que nos tens (têm) oferecido.
E já agora, aqui fica um OBRIGADO especial também por este blogue, que - olhando à autora - tem tudo para ser um sucesso neste novo mundo dos blogues!
Beijos da cunhada mais mimada do planeta!

Anónimo disse...

Foi bom ler estas palavras, talvêz porque já vou "roçando" o estadío dos idosos. É lamentável que os mais velhos a partir de certa altura, e na posse de todas as suas capacidades, sejam constantemente despersonalisados, sendo sujeitos à vontade daqueles que lhes são mais próximos, como se o avançar dos anos lhes leva-se a experiência e sabedoria, e sejam anulados com o pretexto de que os "outros" é que sabem o que é melhor para eles. A infelicidade está tantas vezes reflectida na tristeza do seu olhar. Que os teus 2 e 80 possam ser amados tal como são. Ama os braços que se elevam a pedir colo, tanto, como os que se estendem a oferecer. Que a memória do tempo não apague esses teus preciosos momentos. Abençoada sejas.